domingo, 23 de agosto de 2009

VONTADE INCONTIDA

Havia dentro de cada um de nós uma sede muito grande,
Uma ânsia, uma vontade incontida de nos vermos de novo
E isso acarretava aquilo a que chamariamos de "cobrança" de presença,
De sentimentos mais sólidos e ao mesmo tempo lógicos.
E tanto a solidez como a lógica eram coisas que não podiam nem passar perto de nós.
Havia também um medo, um receio enorme, uma revolta.
De repente, aqui dentro, uma vontade incontida de fugir, de escapar...
De repente aquele medo enorme pelos prenúncios de um furacão violento
Que se formava dentro de mim,
Pela absoluta falta de condição de construir um abrigo mais sólido.
Dentro de mim já existiam cicatrizes profundas e ainda recentes de golpes fortes.
Tudo que eu recisava era de um pouco de paz.
A minha volta via apenas rostos confusos e nos quais eu não podia confiar
Havia um homem assustado, inseguro, indeciso
Aparentemente forte, mas no fundo frágil e infantil e de lágrimas fáceis
Havia uma mulher que era uma espectadora privilegiada e indiferente
Havia uma criança com rosto inocente e interrogativo
Havia desespero, muita luta, brigas e intrigas
Havia um lar que se desfazia, que se despedaçava
Havia uma fuga
Havia muito medo
Havia um corpo cheio de desejo e uma força controladora e aferidora
Para medir o "tanto" e o "quanto" que nós poderíamos oferecer um ao outro...
Que tudo aquilo que estiver para acontecer...
Que aconteça bem depressa,
Porque...
Incoerente ou não, está palpitando, aqui dentro de mim,
Num engasgo e num soluço mudo
A mesma vontade de te ter novamente entre os meus braços.
(AD. transcrito para agenda 08/05/1979)

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